BANIWA, TIPO JIQUITAIA
“Mistura de pimentas (Capsicum spp.) cultivadas organicamente pelas mulheres baniwa nas roças e quintais das comunidades do Rio Içana e afluentes, desidratadas e moídas com sal especial.”
Esse texto no rótulo de potinhos exclusivos apresenta e localiza a Pimenta Baniwa, tipo Jiquitaia. Porém, seria impossível traduzir a riqueza cultural desta especiaria artesanal.
O cultivo de roças entre os Baniwa é uma prática milenar e de responsabilidade sobretudo das mulheres. Um dos principais traços do cultivo é a não utilização de componentes externos, como agroquímicos e maquinário pesado. Carrega ainda rica simbologia associada ao trato com a terra, com as plantas e com os objetos que gravitam em torno do universo das roças.
Alta picância, tipo Jiquitaia
Na floresta amazônica, jiquitaia é uma pequena formiga cuja picada arde muito. Daí o nome de batismo da pimenta do povo baniwa, habitantes do Alto Rio Negro. A diversidade de pimentas cultivadas e dos modos de preparo da jiquitaia são os principais responsáveis pela diversidade de cores, texturas, sabores e ardores, que resultam na jiquitaia produzida pelas mulheres baniwa, as quais combinam blends mais que exclusivos. As pimentas são colhidas, partidas e postas para secar ao sol por até cinco dias. Depois, são piladas, moídas e recebem uma dosagem de sal.
Exclusividade Artesanal
Toda mulher baniwa tem um jeito particular de preparar jiquitaia, porque aprendeu com a mãe, e essa com a avó. Assim, cada pote vem identificado por um código no rótulo, que indica a comunidade da produtora, o lote e a data que foi embalada. Isso torna cada dose uma criação assinada e personalizada.
Casas das Pimentas
Os Baniwa já inauguraram várias Casa das Pimentas com o apoio de chefs como Alex Atala e Bela Gil, que levaram a Jiquitaia para o sudeste. Além de serem espaços que agregam a produção das roças e quintais familiares Baniwa, as Casas da Pimenta cuidam do processamento, envase e estocagem, e realizam o controle de qualidade e de fluxo de informações. De acordo com o plano de negócios, a expansão da produção é projetada a fim de não gerar pressões de demanda que alterem a rotina das comunidades.
Declarado Patrimônio Cultural do Brasil.
Em 2010, o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro foi declarado Patrimônio Cultural do Brasil pelo IPHAN. É entendido como um conjunto de saberes e modos de transmissão de conhecimentos que se relacionam, entre os quais: a diversidade das plantas cultivadas, as técnicas de manejo da roça e dos quintais, o sistema alimentar, os utensílios de processamento e armazenamento, ou seja, a cultura material e, por fim, a conformação de redes sociais de troca de plantas e conhecimentos associados.
Onde encontrar: A pimenta Jiquitaia Baniwa é vendida pela internet, em lojas especializadas e espaços de destaque no circuito gastronômico de várias cidades brasileiras.
